quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Máscara Laríngea veio para ficar e com inovações


Com o Prof. Archibal Brain
desenvolvedor da Máscara Laríngea

A máscara laríngea (no original laryngeal mask) foi desenvolvida pelo Prof. A. Brain (foto ao lado) quando trabalhava no London Hospital em 1981.

Conversando com o Prof. Brain fiquei sabendo que na época ele buscava uma conexão tipo "boca a boca" da via aérea com o sistema de anestesia. Estudando a laringe de cadáveres desenvolveu um protótipo usando uma máscara do tipo Goldman (de borracha preta usada para anestesia em odontologia) e um tubo endotraqueal com 10 mm de diâmetro.
O objetivo era, estabelecer uma via aérea permeável durante a anestesia que pudesse evitar os problemas causados pela intubação traqueal. Assim segundo o Dr. Brain a máscara laríngea (ML) " é uma solução radicalmente nova para o problema da manutenção da via aérea durante a anestesia". A sua intenção inicial era a de desenvolver um dispositivo que fosse muito útil nas anestesias de curta duração em que o pacientes estivesse em jejum e que fosse fácil de ser inserido. Assim, no início as restrições ao seu uso foram grandes. A medida que mais anestesiologistas foram usando a ML surgiram inúmeras indicações adicionais e técnicas diferentes de inserção.
No XIV Congresso Mundial de Anestesia realizado na Cidade do Cabo, na África do Sul, foram apresentadas as modernas máscaras laríngeas. Entre tantos fabricantes que imitaram a ML original sobressaíram-se duas máscaras a iGel e a LMA Supreme. Se as primeiras ML necessitavam de uma certa habilidade para a sua inserção esses novos modelos tornaram o uso da ML muito menos complicado. Ampliando inclusive o uso para o atendimento pré-hospitalar dos pacientes traumatizados em que há a dificuldade de se estabelecer uma via aérea permeável.

Nesse congresso tive contato com uma das primeiras evoluções da ML que é  iGel (foto ao lado). Ela foi desenvolvida por um dos colegas do Prof. Brain, e é produzida pela Intersurgical (visite http://www.intersurgical.com/education para assistir o vídeo). O interessante dessa ML é que ao ser colocada na posição correta o calor do corpo, após um ou dois minutos, dilata o gel (elastômero termoplástico) com que é fabricada e se ajuste a hipofaringe. Forma-se um selo que além da ventilação espontânea e assistida permite ventilação controlada (desde que as pressões de boca não ultrapassem 20 cm de água). Obviamente não há balonete para inflar. Possui uma via lateral para a inserção de uma sonda nasogástrica de diâmetro limitado. Tenho usado essa ML de rotina em inúmeras anestesias gerais com a vantagem de o paciente poder ser conduzido para a Sala de Recuperação onde ele mesmo poderá retirá-la. Aliás, esse é um dos objetivos do uso da ML, como ela não invade o laringe produz menos irritação e é confortável para o paciente que quando estiver desperto (e com os reflexos presentes) poderá retirá-la.
A segunda ML apresentada (essa sim lançada no congresso) é uma evolução desenvolvida pelo próprio Prof. Brain em parceria com a LMA - The Laryngeal Mask Company Limited. A LMA Supreme (foto a lado) é muito diferente da original.
O Prof. Brain me disse que com a tecnologia que foi disponibilizada pela empresa ele praticamente fez uma nova ML que não guarda nenhuma semelhança com as originais e muito menos com seus protótipos (visite http://www.lmaco.com/supreme/index.html para assistir ao vídeo). Construída com materiais inertes o seu desenho achatado facilita (e muito) a sua inserção. Possui uma via para a introdução de uma sonda nasogástrica, uma porção dura (que fica na altura dos dentes do paciente) e impede que com a força da mordida o paciente obstrua a via aérea ou corte a ML. O seu balonete é muito macio e, desde que insuflado na pressão correta, não irrita e não produz isquemia na mucosa.
A LMA Supreme fabricada pela LMA The Laryngeal Mask Company Limited é comercializada no Brasil pela Medicalway e na JARGS em Canela estava custando R$ 60,00 cada uma.
A iGEL fabricada pela Intersurgical é comercializada no Brasil pela Saavedra (http://www.saavedra.com.br/) e na JARGS em Canela estava custando R$ 80,00.
Como podem ver sou um fã da máscara laríngea.
Abraços,
Lorenzini
Apesar de citar nome de fabricantes o autor se declara isento de interesses não recebendo ajuda financeira de nenhuma das empresas citadas

Controle glicêmico no trans e pós-operatório

Turma, bom dia!
Neste final de semana estive dando uma olhado sobre prós e contras da manutenção do paciente normo glicêmico.
Achei mais prós.
Direto aos fatos práticos:
  • alguns autores entendem que a glicemia ao redor de 145 mg/dl está OK - evita a hipoglicemia;
  • outro autores entendem que os valores devem ser mantidos entre 80 - 110 mg/dl
  • como fazer:
    • solução de 25 UI de insulina regular + (50 ml SF - BI de seringa ou 250 ml SF - BI de rolete - BR)
    • iniciar a infusão: 1 ml/h (BI de seringa) ou 10 ml/h (BI de rolete)
    • verificar o HGT em 1 h:
      • glicemia entre 80 de 120 mg/dl: manter infusão
      • glicemia entre 121 e 180:  aumentar a infusão para 3 ml/h (ou 30 ml/h BR*);
      • glicemia entre 121 e 240 mg/dl: aumentar a infusão para 8 ml/h (ou 80 ml/h BR*)
      • glicemia acima d2 250 mg/dl: aumentar a taxa de infusão para 10 ml/h (100 ml/h BR*) + fazer 10 UI EV de insulina regular.
      • glicemia abaixo de 80 mg/dl fazer SG 50% 40 ml EV
      • medir HGT de 30 em 30 min
    • pode ocorrer uma queda do potássio - que deve ser corrigida
    • se estiver recebendo insulina Ev no pré-operatório interromper a infusão no início do jejum e controlar o HGT
* BR - Bomba de infusão de rolete
* BI - Bamba de infusão de seringa

Passo Fundo, 24 de fevereiro de 2010